UM CEMITÉRIO NO CENTRO
DA CIDADE
Fazendo uma viagem ao passado, lá pelos anos 30/40,
época que Jaguarão tinha como cidade os limites sul a norte, do rio Jaguarão até
a rua 24 de Maio, lateral da escola Joaquim Caetano e como limite leste oeste,
a rua dos Andradas até a rua dos trilhos, rua Uruguai. O restante chamavam de
aldeia ou subúrbio. Até pouco tempo existiu o armazém "Clarão da
Aldeia" do Sr. Álvaro Gonçalves ou Doca (Rua General Câmara esquina
Coronel de Deus Dias). Porque Clarão da Aldeia? Bom, além da rua dos Andradas,
já era aldeia e não possuía luz elétrica, seu Doca conseguiu com o Prefeito Dr.
Hermes Pintos Affonso, para puxar por sua conta, um fio elétrico até a esquina,
onde colocou uma lâmpada de 1.000 wats, fazendo um enorme clarão na escura
aldeia. Todas as noites os moradores diziam: Vamos conversar lá no clarão da
aldeia, dando nome ao armazém.
Bem perto dali, existiu as ruínas de um cemitério
que na época já haviam algumas edificações em cima desse terreno dando frente
para a rua Marechal Deodoro. A família Figueiró, a fábrica de fumos Mauá Ltda,
e a família do seu Vigica.
No restante ficava um campo com pastiçal, taquaral,
muitos túmulos e uma enorme pileta onde lavavam os ossos. O cemitério abrangia
todo quarteirão que hoje está cortado pela rua Marechal Rondon.
Era grande a gurizada que brincava na rua dos
Andradas. Os meninos jogavam futebol e as meninas passa-passará. Durante a
noite brincavam de pega ladrão ou pedra livre entrando no cemitério para
esconderijo. Mas toda vizinhança tinha medo das assombrações que eram comuns
aparecerem para espanto e comentário em toda cidade. Apareciam muitas coisas de
arrepiar, mas algumas eram de brincadeira. Por exemplo: O Pedro, filho do
Mariano Rocha e irmão do falecido Vanderlei (Escritório Rocha), recortava numa
melancia, uma boca e dois olhos, acendia uma vela dentro e, colocava sobre um
túmulo. Sua irmã, a Dalva, cobria-se com um lençol branco e corria entre as
taquaras. Era um pavor.
Hoje a quadra está cheia de casas, mas nas
escavações de todas elas, tiraram vários esqueletos. Em uma delas havia um
esqueleto até com uma arma do lado.
Pelos relatos do Sr. Cláudio Rota Rodrigues que leu
nos arquivos do Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão, em 23 de
novembro de 1855, quando a vila foi elevada a categoria de cidade, surgiu
um caso de cólera um cidadão que havia chegado embarcado, e que este alastrou
uma epidemia violenta, matando um terço da população, ou seja, entre 3 a 4
mil mortos. Com essa epidemia superlotou o tal cemitério encerrando as
atividades de campo-santo.
As irmãs de Caridade haviam comprado um campo para
fazerem um cemitério, mas com a mortandade que houve, começaram a enterrar pessoas
antes de iniciarem as obras do atual cemitério das Irmandades.
Perto da BR 116, imediações do secador do Sr.
Moacir Bretanha, abriram um grande valo onde amontoavam os corpos trazidos por
carroças que percorriam a cidade juntando defuntos.
Os fazendeiros, chacreiros e familiares fugiam para
os campos evitando a doença.
O Sr. Malaguês que morou por muitos anos até a
fábrica de fumo incendiar, diz que tanto ele como os empregados e moças que
trabalharam no turno da noite, viam assombrações.
Já outros moradores no local perto do antigo
cemitério relatam que viam constantemente, um vulto passear por toda a casa e
desaparecer sem abrir portas nem janelas.
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