segunda-feira, 29 de abril de 2013
quarta-feira, 3 de abril de 2013
CUIDANDO DO SEU ATLETA
BASE FORTE
Base Forte
Olhando um cavalo de esporte como um todo, nossa atenção é primária. Devemos ater-nos aos cascos.
Estes são como a base da pirâmide. É neles que o animal coloca todo seu peso e equilíbrio e é a partir deles que, geralmente, o veterinário começa a investigar quaisquer sinais de claudicação (manqueira).
Os cascos possuem crescimento contínuo, nem sempre têm conformações iguais (alguns indivíduos possuem uma das mãos encasteladas). A genética, casqueamento, ferrageamento, piso e alimentação, são fatores, em ordem crescente, que interferem na conformação e qualidade do tecido córneo.
Figura 1: estruturas da sola do casco (parte externa);
Figura 2: estruturas do casco (parte interna)
O casqueamento deve começar quando potro. Assim o casco cresce de forma mais uniforme, sem rachaduras e é nessa idade (2, 3 meses) que podemos corrigir alguns defeitos mais graves de aprumos que o animal venha a apresentar ( o que não se consegue na fase adulta).
A alimentação balanceada deve ser dada desde antes do desmame, com rações adequadas à idade (por terem alto teor protéico), podendo ser misturadas à aveia. A alfafa deve ser escolhida com fonte primária de volumoso, devido ao seu alto teor de cálcio e outros minerais, cuidando sempre que a “super alimentação” pode trazer problemas tão graves quando a desnutrição em potros.
Figura 3: potrinho casqueado
O casco “ideal” deve ser compatível com a conformação e o peso do cavalo. É melhor que o animal tenha cascos grandes, do que pequenos.
Eles devem ser arredondados, sem terem talões estreitos (parte de trás). Isto porque, as estruturas dentro do casco tendem a se expandir, agindo como amortecedores, a cada pisada do animal. Estima-se que 80% dos problemas com locomotores ocorram nos anteriores (mãos), pois é neles que o eqüino sustenta 65 a 70% do seu peso vivo.
A grande causa destes problemas é a falta de alinhamento do sistema digital devido ao ângulo do casco, menor do que o ângulo da paleta com a horizontal.
Figura 3:
a) Alinhamento ideal;
b) Cascos com ângulo menor que o ângulo da paleta (achinelado). Deixando o tendão flexor profundo mais esticado do que o normal;
c) Cascos com o ângulo digital maior do que o ângulo da paleta (fincado).
Figura 4: Tipos de conformações;
A ferragem deve ser feita a cada 30, 40 dias, por um profissional competente, e quando for necessário, com o acompanhamento de um veterinário, para orientar, em casos especiais, o uso de ferro fechado, palmilha e rolamento da pinça.
Cascos muito “passados”(ferragem atrasada) tendem a sobrecarregar os tendões flexores profundos. O ferreiro tem que adequar o tamanho da ferradura ao tamanho do casco, e não vice-versa. É preferível não saltar no dia em que o cavalo foi ferrado, pois, ele pode ficar mais sensível.
Olhando o movimento do animal ao passo e trote, podemos perceber e fazer algumas correções pela ferragem. Cavalos que se tocam muito ou tropeçam demais, são alguns exemplos.
O manejo diário é muito importante também. Deve –se fazer a limpeza diária da ranilha (cavalos enconcheirados), fazer uso de graxas específicas ( 2 a 3 vezes por semana) e utilizar, se preciso, a suplementação com biotina, zinco e cobre, fornecendo estes, uma maior qualidade e crescimento ao tecido córneo.
Enfim, é necessário prestarmos maior atenção aos nossos atletas eqüinos em relação à base do seu sistema locomotor, ainda mais no nosso esporte (salto), onde o peso do animal é totalmente absorvido nos seus cascos anteriores. Imagine se eles não estão bem aparados anatomicamente!
Observe a foto abaixo:
Claudia Tigre dos Passos
Medica Veterinária e Atleta
“Onde há cavalos atletas, há pessoas ocupadas em verificar e cuidar da saúde de pernas e cascos destes animais, a um ponto que poderia parecer exagerado a um observador desavisado. Isto acontece porque da saúde e do perfeito funcionamento do aparelho locomotor depende toda utilização, e portanto a própria razão de ser de nossos cavalos. E quanto mais exigidos eles forem, em trabalho ou esporte, mais necessário é dedicar toda a atenção possível a pernas e cascos. Como sempre, vale conhecer a fundo a normalidade de cada indivíduo, para detectar todo mais leve indício de anormalidade, sanando-a antes que ela tenha chance de se transformar em um problema de saúde potencialmente grave.” C. Leschonski
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CÓLICAS: O QUE FAZER PARA EVITAR?
Um dos maiores medos de proprietários de cavalos são as temidas cólicas. Mas, por que elas ocorrem com tanta freqüência nesta espécie? O que podemos fazer para diminuir sua ocorrência? O que fazer até o veterinário chegar?
Conhecendo melhor o trato gastrointestinal de um cavalo, observamos que o tamanho de seu estômago é bem menor que o seu intestino.
- Estômago: possui capacidade de 15 a 18liros e é responsável por 5% da digestão;
- Intestino delgado (I.D.): possui de 16 a 22 metros de comprimento e é responsável pela digestão de 35% do alimento;
- Intestino Grosso (I.G.): possui 5 metros de comprimento e faz a digestão de 60% da alimentação.
Obs. Os intestinos dos eqüinos, são, também, muito sinuosos e com muitos “gargalos”, isto é , esfincters que fazem a passagem de um compartimento ao outro.
Devido a esta anatomia, os cavalos são “obrigados” a comerem pequenas porções durante a maior parte do dia. Os cavalos à campo exercem esta função plenamente, pastando até 20hs por dia, não sobrecarregando o estômago. O que não acontece na maioria dos cavalos submetidos às cocheiras, que recebem a alimentação em quantidades e horários pré determinados.
Obs: Uso de piquetes, estimulando a alimentação contínua. Ideal para cavalos.
Tipos de cólicas mais conhecidas:
- GASOSA: cavalos são anatomicamente incapacitados de eructar e principalmente vomitar, por isso, podem sofrer distensão estomacal, gerando bastante desconforto;
- IMPACTAÇÃO: o fornecimento exagerado de alimento, a falta de água, capim de baixa qualidade e troca de manejo são alguns dos fatores que podem ocasionar este tipo de cólica, onde se forma uma massa alimentar compacta no intestino (geralmente no cólon maior, devido ao seu grande diâmetro e curvaturas). Gerando, dor, desidratação, refluxo ou não, podendo levar a óbito. O tratamento é à base de fluidoterapia e ou cirurgia;
- PEDRAS: chamada de Enterólitos, estas pedras são encontradas no intestino grosso e são formadas, basicamente, de fosfato de magnésio – amônio (estruvita) e possuem um corpo estranho (plástico, corda, arame) que dá origem ao depósito de minerais;
- TORÇÃO: Chamada de Vólvulo o corre tanto no I.D. como no I.G., o intestino comprometido sofre uma torção, gerando dor, gases, distensão abdominal e grave comprometimento vascular. Pode levar a óbito rapidamente;
- INFLAMAÇÃO : um exemplo é a Duodeno Jejunite Proximal ou Enterite Anterior, que é uma inflamação do intestino delgado. Gerando dor, refluxo e desidratação, podendo levar a laminite e septicemia. O tratamento é fluidoterapia, antibióticos e antinflamatórios. Não é caso de cirurgia. Uma das suas causas é a troca brusca de ração;
- PRODUTOS TÓXICOS: Cólica pelo uso de AMITRAZ, carrapaticida usado em gado. Gera paralisia do trato gastrointestinal.
- CÓLICA VERMINÓTICA: Chamada de cólica Tromboembólica , ela é causada principalmente, pelos vermes S. Vulgaris, estes, causam trombos (coágulos) nas artérias. Em casos sérios pode levar o animal a óbito, principalmente potros.
Como fazer um manejo alimentar adequado para cavalos atletas (enconcheirados)?
Lembrando que eles têm o estômago pequeno, a sua alimentação deve ser fracionada em pelo menos 3 vezes ao dia ( não dar mais de 3kg de concentrado por fração).
Se for possível, soltar em piquetes. Ter água limpa 24hs por dia. Não montar logo em seguida a refeição.
Caso for fazer a troca de concentrado (ração e/ou grão) por outro, ela deve ser gradativa. Lembrar que a super alimentação pode ser bastante prejudicial.
O volumoso (fenos/alfafas) deve ser 70% da alimentação diária. Pode ser deixado, pequenos volumes de volumoso na baia durante o dia e uma quantidade maior durante a noite. Assim o cavalo tem o que “fazer” durante mais tempo na sua clausura, evitando comportamentos inadequados como: comer esterco, chupar ar ou ficar se balançando.
É recomendável também, examinar os dentes. Cavalos possuem um crescimento contínuo de seus dentes, podendo gerar problemas na arcada dentária como: fraturas, ganchos, pontas, má oclusão (prognatas ou ágnatas), infecções, cáries e outros. E uma má mastigação, pode resultar em pior absorção, perda de peso, rendimento, dor e cólica. Além, de ,o animal, apresentar reação á embocadura.
A desvermifugação deve ser feita a cada dois meses, trocando o seu principio ativo.
Nas provas, o cuidado no seu manejo alimentar deve ser redobrado, pois, junta o fator estresse, modificação na rotina e cansaço físico. Por isso, o tratador deve ficar atento aos horários de alimentação e verificar se o animal está tomando bastante água. O uso de eletrolítico após provas é bastante indicado.
Sintomas de um cavalo com cólica:
- Inquietude;
- falta de apetite (ou não);
- Se deitar, rolar repetidamente;
- olhar para o seu abdômen;
- aumento da frequencia respiratória e cardíaca;
- suor ;
- cavar o chão;
- aumento do volume abdominal;
Obs: cavalos com desconforto abdominal (fotos A e B).
O que fazer?
Enquanto se espera o veterinário, o responsável pelo animal deve fazer o paciente caminhar e, caso houver muita necessidade, aplicar um analgésico, previamente indicado pelo veterinário.
Fazendo um manejo correto, e entendendo que o trato digestório de eqüinos é bastante delicado, é possível diminuir muito o risco de cólicas.
Sempre é bom lembrar que cavalo não é uma máquina! Como alguns acham…
Claudia Tigre dos Passos – Veterinária
LAMINITE: O QUE É E COMO TRATAR
LAMINITE: O QUE É E COMO TRATAR
O que é: Chamada popularmente de “aguamento”, a Laminite é uma patologia que atinge o sistema locomotor de eqüinos. Sua ocorrência é bastante grande, e apesar de um estudo epidemiológico indicar que todas as raças são afetadas do mesmo modo, encontrou se uma maior incidência em cavalos Quarto de Milha, Árabes e PSI.
Ela é descrita como uma doença vascular periférica, com diminuição da perfusão capilar no interior da pata, necrose isquêmica (falta de sangue) das láminas, gerando inflamação e muita dor. Esta doença ocorre devido a manifestação local de um distúrbio metabólico mais sistêmico, que afeta o sistema cardiovascular, renal, endócrino, coagulação sanguínea e do equilíbrio ác.básico.
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O que acontece nas patas afetadas?
A falange distal ( osso que fica no interior do casco), é presa no interior da parede do casco por lâminas. Na base da falange existem vasos sangüíneos que nutrem essas lâminas. O tendão flexor profundo se insere na superfície palmar (de trás) da falange distal ( ele tem a função de flexionar esta região).
Na pata afetada com Laminite ocorre uma isquemia (diminui o suprimento de sangue) no interior do casco, as lâminas ficam inflamadas e podem necrosar, gerando muita dor. Em casos mais sérios o animal pode perder o estojo córneo.
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Para entender melhor: Como o tendão flexor está inserido na superfície da falange distal, ele “puxa” a falange para trás, fazendo esta rotar (isto ocorre na laminite crônica). Ela rota, pois as suas “amarras” foram soltas que eram as Lãminas necrosadas. |
Podem ser afetadas as 4 patas, mais na maioria das vezes são afetadas somente os anteriores.
Porque esta patologia ocorre?
1) Alimentação:
A ingestão exagerada de CARBOIDRATOS ( milho, trigo,cevada ou ração, na aveia não tão grave) ; a troca brusca de alimentação;
Resumindo:
O excesso de Carboidratos gera um desequilíbrio da flora intestinal
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Com isso a um aumento de Lactobacillus e Streptococcus no Ceco (I. G.)
↓
Há aumento de ac.Lático e diminuição de PH
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Ocorrendo liberação de endotoxinas ( que vão atingir os vasos sanguineos dos cascos).
O fornecimento de pasto muito viçoso, que contém trevos e alfafas, também podem gerar diarréia e virar em Laminite.
2) Água:
A ingestão de grandes quantidades de água fria em cavalos recém trabalhados ( quentes, suados), pode gerar um choque térmico, levando a uma gastrointerite causando a laminite.
3) Sobretreinamento:
O trabalho pesado sobre um piso duro, em animais não condicionados fisicamente, pode gerar a laminite, ainda mais em animais que possuem a parede do casco e sola finas.
4) Cólicas:
A duodeno jejunite proximal ( cólica pela inflamação do I.D.), gera endotoxemia e subsequentemente pode dar Laminite.
5) Retenção de Placenta / Endometrite:
A Laminite pode ocorrer em caso que haja retenção de placenta com ou sem endometrite.
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6) Uso prolongado de Corticoides.
Sintomas e diagnóstico:- Claudicação grave ( manqueira); - Aumento de pulso; - Calor nos cascos afetados; - Posição característica ( para alívio dos menbros afetados); - Rotação da falange distal ( crônica); - Separação da faixa coronária ( coroa do casco) no processo extensor;
O diagnóstico é óbvio.
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Tratamento: Esta patologia é considerada uma emergência, podendo ser leve ou extremamente grave! A Laminite aguda ( nas primeiras 48hs, ou antes que a falange distal rote), deve ser tratada com gelo (colocar o membro afetado em um balde com gelo, 3 ou 4 vezes ao dia), podendo ser usado: fenilbutazona ( analgésico com efeito antiplaquetário), flunixim meglumine ( efeito endotóxico), ác. Acetilsalicílico ( anticuagulante) , acepromazina ( redução da hipertensão) ou a critério de cada veterinário. Alimentação a base de feno, podendo entrar com aveia com a melhora do caso. Antibiótico sistêmico / tópico ( em alguns casos). Exercício controlado, cama feita de areia , usar ferradura em forma de coração ( para ajudar a evitar a rotação da falange). |
Prevenção:
Mantendo um manejo correto em relação à alimentação, exercícios e patologias relacionadas, podemos diminuir muito as chances de ocorrer a laminite.
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