sexta-feira, 2 de março de 2012


Sobre os Cavalos


 

No princípio, o vento que vinha do Leste soprava com força, destruindo tudo à sua frente e mostrando-se a mais forte dentre todas as ações da natureza. Então, Deus chamou o vento e disse-o:
“Tomarás forma e consistência! Far-te-á amigo do homem, e com ele, vencerás batalhas e desbravarás novas terras, carregando-o em teu lombo, estabelecendo com ele a mais estreita relação de amizade existente entre homem e animal. Terás inteligência, para entender aos chamados de teu amo! Serás o mais belo e garboso dentre todos os animais! Chamar-te-á cavalo!”
E assim, nasceu o CAVALO…
Cada vez que aumentamos nossa experiência com cavalos vamos conhecendo melhor seu estilo de vida e descobrindo as coisas úteis, certas e boas, portanto muitas vezes nós se perguntamos: qual é a melhor maneira de colocar a sela? Como por a cabeçada? Que tipo de embocadura usar?
São duvidas comuns para qualquer cavaleiro. Até os mais experientes cometem enganos e deixa o animal desorientado ainda mais que cada cavalo é um tipo e cada um tem uma forma de trabalhar e a reagir às coisas que fazemos.
No manejo diário para doma e treinamento, as atitudes vão se tornando tão mecânicas que as chances de se cometer faltas só tendem a aumentar.
Começando nos apetrechos que compõe os equipamentos eqüestres: podem se tornar inimigos da sua montaria caso não sejam usados de forma correta, e as coisas vão aumentado como uma embocadura mal escolhida e mal ajustada, sela grande para cavalos pequenos. São fatores que à primeira vista podem parecer sem muita importância, mas que a longo prazo poderão trazer traumas e perigos.
Início da doma
No início da doma é uma fase bastante delicada, e se fizermos os primeiros contatos com o potro usando atenção, paciência e principalmente numa seqüência coerente, evitaremos erros e dores de cabeça. Aí vão alguns “certos” e “errados” para você se orientar e ter a chance de corrigir possíveis enganos.
Certos
1- Aproximar de um potro em inicio da doma com tranqüilidade e segurança mesmo com cavalos desconhecidos que você não tenha contato constantemente. Pegá-los em um local onde seu espaço seja limitado, facilitando a aproximação.
2- Colocar o cabresto pelo focinho e passar por trás das orelhas conversando principalmente com o potro e outros enquanto coloca lentamente sem assustá-lo.
3- Usar voz firme e sempre igual, isto é, no mesmo tom para que o animal entenda o que você espera dele.
4- Recompensar o cavalo com carinhos no pescoço a cada etapa executada de maneira correta, lembrando que deve-se premiar no momento em que o animal realiza corretamente a tarefa pedida.
5- Parar com a insistência ou aula assim que o animal realize por algumas vezes o que lhe foi pedido. Ministrar os ensinamentos progressiva e repetidamente.
6- Encilhar o animal pelo lado esquerdo, entretanto o cavalo bem domado aceitará o manejo pelos dois lados.
7- Para cada tipo de animal, melhor dizendo para cada tipo de modalidade que você quer fazer com seu animal necessita de selas diferentes, selas tipo australianas são usadas normalmente para cavalos de marcha, selas tipo Western coloca-se em cavalos Árabes e Quarto de Milha, selas tipo seletas mais leves usa-se em cavalos de corrida e saltos.
Errados:
1- Não se aproximar brutalmente principalmente pela sua traseira. Os cavalos têm medo dos homens e com susto poderão reagir repentinamente.
2- Não colocar o cabresto rápido e não amassar as orelhas, pois podem sentir dor ou irritação, e o animal pode reagir e criar traumas, difíceis de tirarem.
3- Não rode o animal com o cabresto e evitar dar puxões fortes.
4- Não repetir as palavras de comando na hora que o animal está realizando os ensinamentos. Se ele esta fazendo é porque já entendeu e a voz de comando nessa hora só irá confundi-lo.
5- Não recompensar o animal após não ter feito o que foi pedido ou recusar. Nunca bata em seu cavalo, pois só servirá para desorientá-lo.
6- Não pare com o trabalho ou a aula no momento que o cavalo errar o exercício. Caso o cavalo não execute o exercício de forma correta, mesmo que depois de algumas tentativas, mude o exercício para um mais fácil e termine a aula. A repetição demasiada cansa fisicamente e mentalmente o cavalo. Ele ficará cansado e perderá a disposição e o rendimento. Por isso procure variar as lições para mantê-lo sempre atento e disposto.
7- Não jogar o material que irá no dorso, pois é um lugar sensível (perto do rim) e esse impacto provocará dores e traumas.
8- Não usar a embocadura muito forte quando o cavalo é sensível e aceita o comando do cavaleiro rapidamente e a embocadura muito apertada poderá ferir o canto da boca.
Lembre-se dessas dicas e use sempre com muita calma e nenhuma violência nos comandos aos cavalos, eles irão te respeitar e aprender!
Ferrageamento
Colocação de ferradura
Em cavalos normais, a ferradura deve sobrar atrás do talão, aproximadamente 50% da largura do ferro utilizado. Em alguns esportes, isso não é possível, mas deve-se tentar deixar um apoio para o talão. A ferradura deverá sobrar para fora do casco, do ponto mais largo do casco, para trás, devido a expansão do casco.
Alinhamento dos cravos
Primeira opção: divida a altura da pinça e talão em três, e seguir uma linha, inclinado para cima, com os cravos da pinça mais altos, e dos quartos mais baixos. Segunda opção: divida o talão em três, e seguir uma linha reta para frente, com todos os cravos na mesma altura.
Posicionamento
Devido à necessidade de os talões se movimentarem, deve-se evitar colocar os cravos para trás do ponto mais largo do casco.
Manqueiras
Manqueiras e os problemas relacionados com cavalos domesticados são reconhecidos como problemas mundiais. Métodos convencionais não previnem problemas, devido a idéia errônea que normalmente se tem do que é correto. È da natureza humana se acostumar com certos modos de fazer as coisas e manter este hábito pelo resto da vida. Por exemplo: uma criança que durante anos recebe gritos cada vez que faz algo errado, provavelmente recebe gritará com outras pessoas quando crescer. Se você faz algo, ou vê algo sendo feito de certo modo durante algum tempo, vai lhe parecer normal e correto, mesmo que esteja errado.
Um bom exemplo dessa postura foi praticado por um ferrador em um Jockey Club, no Texas (EUA). Ele faz um ótimo trabalho, porém, como seu olho estava acostumado a ver cavalos com as pinças longas e os talões baixos, ele considerava tudo isto normal e ferravam todos os seus animais dessa maneira. Como ele é um bom desenhista, um dia, pedi a ele que desenhasse o casco que ele considerava perfeito. O seu desenho foi o de um casco com as pinças longas e talões baixos.
O que temos de fazer é tentar mudar a imagem do que é errado, tentando conhecer mais o assunto. Uns dos problemas com os cuidados convencionais dos cascos é o fato de que nenhum animal tem o casco naturalmente plano, o qual resiste o movimento de ir para frente.
A prevenção do movimento natural é resistir ao movimento de ir para frente, pois é o começo da maioria das manqueiras. A maneira adequada de se obter um bom trabalho nos cuidados dos cascos é de a ferra-los de um modo que ajuste o movimento apropriado, o qual por sua vez, alivia o estresse nas patas do animal. Quando ferrado corretamente, o casco cresce corretamente, mantendo sua estrutura e o resultado é o cavalo sadio.
Abaixo, são relacionados vários problemas comuns, resultante de maus cuidados com os cascos:
1. O cavalo tropeça;
2. Não é propenso ao trabalho;
3. Tem más atitudes com as pessoas;
4. Nove a calda excessivamente;
5. Mantém um pé na ponta, enquanto descansa;
6. Fica com as mãos estendidas para frente;
7. Troca constantemente o peso de uma mão para outra;
8. Tem os cascos compridos e ovalados;
9. Tem os talões contraídos;
10.Tem um pé maior que o outro;
11. Há linhas de estresse em volta do casco;
12. Os cascos são desnivelados, com abas ou saliências;
13. Há deformação na coroa.
Algumas dicas devem ser lembradas:
- Você nunca verá cavalos selvagens sofrerem os problemas que normalmente se percebem em cavalos domesticados.
- Os cavalos foram tirados do seu habitat, onde eles eram livres para pastarem à vontade e estavam em constante migração. E foram posto em baias e alimentados por gente.
Com essa mudança, não foi permitido que fizessem um movimento e um gasto natural dos cascos. Então começaram os problemas que abaixo descrevemos:
1. Crescimento excessivo dos cascos, o qual severamente atrapalham o movimento. As pinças compridas também mudam o ponto de quebra para frente, o que faz com que o casco fique alongado e estreito. Os talões também se contraem e restringem o fluxo sangüíneo dentro dos cascos. O cavalo, então, estará mais apto a desenvolver problemas, como a síndrome navicular (mudança no osso navicular ou na parte de trás do casco, que causa dor e manqueira crônica).
2. A falta de pinça naturalmente arredondada, e o que reduz o estresse nos tecidos moles (tendões e ligamentos). A combinação de pinças longas e talões estreitos causa uma grande mudança no movimento, a qual aumenta no ponto de quebra e também no tendão flexor profundo. Quando mais longe o casco cresce da linha de centro da terceira falange, mais as tensões são provocadas nos tendões e ligamentos.
3. O osso navicular e o fulcro dessa pressão e, conforme o peso aumenta, o osso sofre cada vez mais, ocorrendo mudanças, devido à falta de circulação.
4. A mudança das forças naturais sobre os cascos (desequilíbrio ou deformações dos cascos que impedem os movimentos normais), também provoca problemas, como “dor de canela” (inflamação de periostem (membrana que envolve o osso), devido a um acúmulo de micro fraturas na frente da canela); “Osselets” (condição de artrites da circulação entre o metacarpo e a primeira falange); “Ovas” (inchaço líquido dos lados das circulações); “Sesamoidites” (inflamação dos ossos Sessanóides); calcificação da cartilagem entre outros.
Ângulo ideal do casco
Quando visto de lado, a parede dorsal (frontal), deveria estar paralela ao alinhamento da cartela. As falanges então ficam alinhadas e isto é considerado ótimo para o suporte do peso.
Muitas pessoas pensam que o passo pode ser alongado, se o angula do casco for abaixado. Por este motivo, se pode ver por aí, especialmente nas pistas de corrida, cavalo com as pinças compridas e os talões baixos. As pessoas têm a impressão que estão ajudando os cavalos a se moverem mais rápido ao redor da pista, sendo que, seu cavalo está dando passadas mais compridas, ele vai precisar de menos passadas para andar maiores distâncias.
Estes pensamentos são falsos. O ângulo do casco não tem nenhuma influência sobre o comprimento da passada. O alcance do cavalo, ou o comprimento da passada são determinados somente pelo ângulo da paleta e isto não pode ser mudado pelo homem.
Poucas vezes se pensa nos efeitos causados por este tipo de mudança nas partes biomecânicas do membro.
Uma das coisas mais comuns na prática de ferrageamento é deixar as pinças crescerem para frente e abaixar os talões. Os benefícios dessa prática nunca foram provados, mas os perigos delas são bem conhecidos.
Conforme estudos realizados no Western College of Vet. Medicine (Universidade Americana), que mediram as mudanças das passadas, causadas por pinças compridas e ângulos baixos.
Isto foi feito analisando-se as passadas do cavalo. O estudo foi feito em duas partes, com as seguintes conclusões:
Primeira parte
A) Ângulo baixo dos quatro membros Comprimento da Passada:
cavalos com ângulos baixo não dão passadas mais compridas. Somente com esta informação, já se pode ver que não há nenhum benefício, enquanto o restante da pesquisa, confirma os efeitos negativos nos cascos.
B) Impacto na aterrissagem
Em cavalos normais, o impacto com o chão, ou é primeiro o talão (40%), ou com o casco, apoiando-se por inteiro (60%). O apoio de pinça, primeiro, não foi encontrado em cavalos normais. Em cavalos de ângulo baixos, 13% aterrissam primeiro com o talão; 62% apoiando-se por inteiro e 25%, primeiramente com as pinças. Aterrissagem com as pinças primeiro levam os cavalos a tropeçarem e coloca em estresse anormal nos membros, levando ao desenvolvimento de osteítes pedal (inflamação da terceira falange).
C) Ponto de Quebra
Ao final da fase de apoio, quando o casco se prepara para voar, os talões rolam para cima das pinças, isto se chama Ponto de Quebra, e é medido desde o movimento em que o talão deixa o chão, até a hora em que as pinças se elevam para voar.
Os tendões flexores estão muito esticados no início do ponto de quebra e esse excesso de pressão causa mudanças na circulação da área navicular, acreditando-se que essa mudança leva ao desenvolvimento, que chamamos de Síndrome Navicular.
Quando aumentamos a velocidade, encurtamos a fase de apoio. Com as pinças longas e um aumento de tempo no ponto de quebra, a habilidade de se encurtar a fase de apoio é difícil e faz com que o cavalo use mais energia, levando-o a cansar-se mais rapidamente.
D) Vôo
Não houve nenhuma diferença no comprimento e tempo de vôo.A única diferença significativa foi na aterrissagem, no qual os cascos de ângulo baixo aterrissam, muitas vezes, primeiro com as pinças.
Segunda parte
Em cavalos que “forjam”, isto é, animais que tocam na parte de baixo das mãos, com as pinças do pé, ou pisam nas mãos com os pés, às vezes se recomenda que os cascos dos pés sejam baixados (essa prática hoje é considerada ultrapassada).
Este estudo mostra que não houve nenhuma diferença no comprimento ou na velocidade do passo, mas houve na sua sincronia.
Hoje, recomenda-se deixar os quatro cascos no ângulo natural, rolar a pinça nas mãos e usar ferraduras quadradas nos pés.
Para o ferrador, este ângulo baixo é muito fácil de se conseguir e é menos perigoso de “picar” o cavalo com os cravos. É mais fácil, porque a pinça naturalmente cresce mais rápido que o talão. É mais seguro devido à falta de tirar a quantidade necessária de casco, tem mais volume de parede, portanto menos risco em colocar os cravos. Porém, é muito prejudicial ao cavalo.
Outros fatores que contribuem para aumentar a pinça e colapsar (quando os talões não agüentam peso ou o estresse do cavalo e dobram para dentro e para frente) o talão são: excesso de umidade, ferraduras mal colocadas ou curtas e excesso de impacto nos talões em pistas duras.
O excesso de umidade enfraquece as estruturas do casco, permitindo-os a colapsar quando são submetidos à pressão. Portanto, devemos evitar: trabalhar em superfícies molhadas, banhos diários, baias úmidas e tratamento excessivo dos cascos com óleo e graxas. Muitas pessoas pedem para colocar graxa nos cascos todos os dias, pensando que estão ajudando os cavalos, quando na realidade, estão prejudicando.
É comum dizer que as ferraduras são males necessários, pois os cravos agridem a estrutura do casco e a ferradura inibe o movimento natural, além também de proibir o desgaste natural dos cascos. Vale a pena lembrar o seguinte: o casco do cavalo foi desenhado para crescer na mesma proporção que era desgastada, enquanto o cavalo andava pelos pastos à procura de comida e água.
Após o cavalo ser domesticado e transferido para os pastos pequenos ou baias, ele perdeu a habilidade natural de desgastes dos cascos, devido às restrições dos movimentos. Com a falta deste desgaste, é necessário fazer o casqueamento.
É claro que a ferradura também tem seus benefícios. Quando o cavalo foi domesticado, foi usado para tração, transporte e como instrumento importante na guerra. Nestes casos, quando o cavalo foi forçado a andar e correr mais do que ele faria normalmente, havia um desgaste excessivo dos cascos, então surgiu a necessidade das ferraduras.
Existe um ditado antigo, que não podemos deixar de levar em consideração:
“Por causa de um cravo, perdeu-se a ferradura;
Por causa da ferradura, perdeu-se o cavalo;
Por causa do cavalo, perdeu-se a guerra;
Por causa de um cravo, perdeu-se um reinado.”
É responsabilidade de todos os proprietários, veterinários, ferradores, tratadores, treinadores, juízes, etc., de trabalharem juntos, em equipe, para fazer o melhor possível para proteger a saúde dos cavalos.
Como medir e como identificar o tamanho da ferradura mais adequada para o casco do cavalo.
Diferentemente da indústria de parafusos ou peças para automóveis, na qual é possível combinar sem problemas peças de diferentes fabricantes, na indústria das ferraduras existem diversos sistemas de classificações de produtos. No caso das ferraduras, cada fabricante adota o seu próprio sistema de medição e classificação, o que gera muita confusão na hora de definir o tamanho certo da ferradura que o cavalo precisa. Para evitar essa dificuldade, damos a seguinte dica: o perímetro externo da ferradura deve ser igual ou ligeiramente maior que o perímetro externo o casco.
Portanto, para definir a ferradura apropriada, basta medir o perímetro externo do casco de talão a talão e procurar essa dimensão na tabela do tipo de ferradura para achar o tamanho correspondente. Este mesmo procedimento é utilizado para identificar o tamanho de uma ferradura de numeração desconhecida.
As ferraduras são fornecidas em 6 tipos diferentes de bitola: leve, normal, pesada, super pesada, extra-pesada e mais que pesada, completamente lisas, com guarda-cascos centrais ou rompões dobrados. Cada uma das nossas ferraduras foi projetada levando em conta as diversas atividades e tipos de animais, havendo sempre uma ferradura adequada para cada necessidade.
As formas das ferraduras, já pré-moldadas para mãos e pés, são muito próximas às formas reais dos cascos e, devido à maleabilidade do aço com que são fabricadas, permitem que sejam ajustadas a frio, sem necessidade de acender a forja, dando maior economia à rapidez de serviço ao ferrador.
Pesquisador: Luiz Cesar Branco
Fonte: Texto remontado com informações do site:
http://www.hipismobrasil.com.b
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