quarta-feira, 3 de abril de 2013

CÓLICAS: O QUE FAZER PARA EVITAR?

cavalo_olhando
Um dos maiores medos de proprietários de cavalos são as temidas cólicas. Mas, por que elas ocorrem com tanta freqüência nesta espécie? O que podemos fazer para diminuir sua ocorrência? O que fazer até o veterinário chegar?
Conhecendo melhor o trato gastrointestinal de um cavalo, observamos que o tamanho de seu estômago é bem menor que o seu intestino.
- Estômago: possui  capacidade de  15 a 18liros e é responsável por 5% da digestão;
- Intestino delgado (I.D.):  possui de 16 a 22 metros de comprimento e é responsável pela digestão de 35% do alimento;
- Intestino Grosso (I.G.): possui  5 metros de comprimento e faz a digestão de 60% da alimentação.
Obs. Os intestinos dos eqüinos, são, também, muito sinuosos e com muitos “gargalos”, isto é , esfincters  que fazem a passagem de um compartimento ao outro.
Devido a esta anatomia, os cavalos são “obrigados” a comerem pequenas porções durante a maior parte do dia. Os cavalos à campo exercem esta função plenamente, pastando até 20hs por dia, não sobrecarregando o estômago. O que não acontece na maioria dos cavalos submetidos às cocheiras, que recebem a alimentação em quantidades e horários pré determinados.
Obs: Uso de piquetes, estimulando a alimentação contínua. Ideal para cavalos.
 
Tipos de cólicas mais conhecidas:
- GASOSA: cavalos são anatomicamente incapacitados de eructar e principalmente vomitar, por isso, podem sofrer distensão estomacal, gerando bastante desconforto;
- IMPACTAÇÃO: o fornecimento exagerado de alimento, a falta de água, capim de baixa qualidade e troca de manejo são alguns dos fatores que podem ocasionar este tipo de cólica, onde se forma uma massa alimentar compacta no intestino (geralmente no cólon maior, devido ao seu grande diâmetro e curvaturas). Gerando, dor, desidratação, refluxo ou não, podendo levar a óbito. O tratamento é à base de fluidoterapia e ou cirurgia;
- PEDRAS: chamada de Enterólitos, estas pedras são encontradas no intestino grosso e são formadas, basicamente, de fosfato de magnésio – amônio (estruvita) e possuem um corpo estranho (plástico, corda, arame) que dá origem ao depósito de minerais;


Enterólito retirado do I.G. de um eqüino.


- TORÇÃO: Chamada de Vólvulo o corre tanto no I.D. como no I.G., o intestino comprometido sofre uma torção, gerando dor, gases, distensão abdominal e grave comprometimento vascular. Pode levar a óbito rapidamente;
- INFLAMAÇÃO : um exemplo é a Duodeno Jejunite Proximal ou Enterite Anterior, que é uma inflamação do intestino delgado. Gerando dor, refluxo e desidratação, podendo levar a laminite e septicemia. O tratamento é fluidoterapia, antibióticos e antinflamatórios. Não é caso de cirurgia. Uma das suas causas é a troca brusca de ração;
- PRODUTOS TÓXICOS:  Cólica pelo uso de AMITRAZ, carrapaticida usado em gado. Gera paralisia do trato gastrointestinal.
- CÓLICA VERMINÓTICA: Chamada de cólica Tromboembólica , ela é causada principalmente, pelos vermes S. Vulgaris, estes, causam trombos (coágulos) nas artérias. Em casos sérios pode levar o animal a óbito, principalmente potros.


vermes S. Vulgaris, retirados de um intestino

 

Como fazer um manejo alimentar adequado para cavalos atletas (enconcheirados)?

 
Lembrando que eles têm o estômago pequeno, a sua alimentação deve ser fracionada em pelo menos 3 vezes ao dia ( não dar mais de 3kg de concentrado por fração).
Se for possível, soltar em piquetes. Ter água limpa 24hs por dia. Não montar logo em seguida a refeição.
Caso for fazer a troca de concentrado (ração e/ou grão) por outro, ela deve ser gradativa. Lembrar que a super alimentação pode ser bastante prejudicial.
O volumoso (fenos/alfafas) deve ser 70% da alimentação diária. Pode ser deixado, pequenos  volumes de volumoso na baia durante o dia e uma quantidade maior durante a noite. Assim o cavalo tem o que “fazer” durante mais tempo na sua clausura, evitando comportamentos inadequados como: comer esterco, chupar ar ou ficar se balançando.
É recomendável também, examinar os dentes. Cavalos possuem um crescimento contínuo de seus dentes, podendo gerar problemas na arcada dentária como: fraturas, ganchos, pontas, má oclusão (prognatas ou ágnatas), infecções, cáries e outros. E uma má mastigação, pode resultar em pior absorção, perda de peso, rendimento, dor e cólica. Além, de ,o animal, apresentar reação á embocadura.


Veterinário fazendo a extração dos dentes de lobo


 
A desvermifugação deve ser feita a cada dois meses, trocando o seu principio ativo.
Nas provas, o cuidado no seu manejo alimentar deve ser redobrado, pois, junta o fator estresse, modificação na rotina e cansaço físico. Por isso, o tratador deve ficar atento aos horários de alimentação e verificar se o animal está tomando bastante água. O uso de eletrolítico após provas é bastante indicado.
 
Sintomas de um cavalo com cólica:
- Inquietude;
- falta de apetite (ou não);
- Se deitar, rolar repetidamente;
- olhar para o seu abdômen;
- aumento da frequencia  respiratória e cardíaca;
- suor ;
- cavar o chão;
- aumento do volume abdominal;
Obs:  cavalos com desconforto abdominal (fotos A e B).


Foto AFoto B


 
O que fazer?
Enquanto se espera o veterinário, o responsável pelo animal deve fazer o paciente caminhar e, caso houver muita necessidade, aplicar um analgésico, previamente indicado pelo veterinário.
 
Fazendo um manejo correto, e entendendo que o trato digestório de eqüinos é bastante delicado, é possível diminuir muito o risco de cólicas.
 
Sempre é bom lembrar que cavalo não é uma máquina! Como alguns acham…

Claudia Tigre dos Passos – Veterinária

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