quarta-feira, 3 de abril de 2013

BASE FORTE

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Base Forte
Olhando um cavalo de esporte como um todo, nossa atenção é primária. Devemos ater-nos aos cascos.
Estes são como a base da pirâmide. É neles que o animal coloca todo seu peso e equilíbrio e é a partir deles que, geralmente, o veterinário começa a investigar quaisquer sinais de claudicação (manqueira).
Os cascos possuem crescimento contínuo, nem sempre têm conformações iguais (alguns indivíduos possuem uma das mãos encasteladas). A genética, casqueamento, ferrageamento, piso e alimentação, são fatores, em ordem crescente, que interferem na conformação e qualidade do tecido córneo.
Figura 1: estruturas da sola do casco (parte externa);

Figura 2: estruturas do casco (parte interna)

O casqueamento deve começar quando potro.  Assim o casco cresce de forma mais uniforme, sem rachaduras e é nessa idade (2, 3 meses) que podemos corrigir alguns defeitos mais graves de aprumos que o animal venha a apresentar ( o que não se consegue na fase adulta).
A alimentação balanceada deve ser dada desde antes do desmame, com rações adequadas à idade (por terem alto teor protéico), podendo ser misturadas à aveia. A alfafa deve ser escolhida com fonte primária de volumoso, devido ao seu alto teor de cálcio e outros minerais, cuidando sempre que a “super alimentação” pode trazer problemas tão graves quando a desnutrição em potros.
Figura 3: potrinho casqueado

O casco “ideal” deve ser compatível com a conformação e o peso do cavalo. É  melhor que o animal tenha cascos grandes, do que pequenos.
Eles devem ser arredondados, sem terem talões estreitos (parte de trás). Isto porque, as estruturas dentro do casco tendem a se expandir, agindo como amortecedores, a cada pisada do animal. Estima-se que 80% dos problemas com locomotores ocorram nos anteriores (mãos), pois é neles que o eqüino sustenta 65 a 70% do seu peso vivo.
A grande causa destes problemas é a falta de alinhamento do sistema digital devido ao ângulo do casco, menor do que o ângulo da paleta com a horizontal.
Figura 3:

a)    Alinhamento ideal;
b)    Cascos com ângulo menor que o ângulo da paleta (achinelado). Deixando o tendão flexor profundo mais esticado do que o normal;
c)     Cascos com o ângulo digital maior do que o ângulo da paleta (fincado).
Figura 4: Tipos de conformações;

 
A ferragem deve ser feita a cada 30, 40 dias, por um profissional competente, e quando for necessário, com o acompanhamento de um veterinário, para orientar, em casos especiais, o uso de ferro fechado, palmilha e rolamento da pinça.
Cascos muito “passados”(ferragem atrasada) tendem a sobrecarregar os tendões flexores profundos. O ferreiro tem que adequar o tamanho da ferradura ao tamanho do casco, e não vice-versa. É preferível não saltar no dia em que o cavalo foi ferrado, pois, ele pode ficar mais sensível.
Olhando o movimento do animal ao passo e trote, podemos perceber e fazer algumas correções pela ferragem. Cavalos que se tocam muito ou tropeçam demais, são alguns exemplos.
O manejo diário é muito importante também. Deve –se fazer a limpeza diária da ranilha (cavalos enconcheirados), fazer uso de graxas específicas ( 2 a 3 vezes por semana) e utilizar, se preciso, a suplementação com biotina, zinco e cobre, fornecendo estes, uma maior qualidade e crescimento ao tecido córneo.
Enfim, é necessário prestarmos maior atenção aos nossos atletas eqüinos em relação à base do seu sistema locomotor, ainda mais no nosso esporte (salto), onde o peso do animal é totalmente absorvido nos seus cascos anteriores. Imagine se eles não estão bem aparados anatomicamente!
Observe a foto abaixo:

Claudia Tigre dos Passos
Medica Veterinária e Atleta

“Onde há cavalos atletas, há pessoas ocupadas em verificar e cuidar da saúde de pernas e cascos destes animais, a um ponto que poderia parecer exagerado a um observador desavisado. Isto acontece porque da saúde e do perfeito funcionamento do aparelho locomotor depende toda utilização, e portanto a própria razão de ser de nossos cavalos. E quanto mais exigidos eles forem, em trabalho ou esporte, mais necessário é dedicar toda a atenção possível a pernas e cascos. Como sempre, vale conhecer a fundo a normalidade de cada indivíduo, para detectar todo mais leve indício de anormalidade, sanando-a antes que ela tenha chance de se transformar em um problema de saúde potencialmente grave.” C. Leschonski

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