OS
QUATRO CAVALOS MISTERIOSOS
Não são as mulas-sem-cabeça ou
cavalos-sem-cabeça, que cospem fogo pelo pescoço cortado.
Não é o boi-tatá, um fogo volante, às vezes
em forma de pássaro, voando, à noite, por entre as pedras brancas de granito e
as moitas de corunilhas.
Sâo luzes de fogo de cavalos, a galope, a
deslizarem pelo ar, a um metro do chão, mais ou menos.
É um barulho tão forte que dá a impressão de
uma grande tropilha de cavalos, passando por cima dos tropeiros e dos viajantes
que passam a noite, pelo local denominado Apertado, na estrada Jaguarão/Herval
do Sul, perto do cemitério e da Vista “do Cerrito" a cerca de 50
quilômetros do município de Jaguarão.
São 4 formas de cavalo, em fogo azul ou
muito branco, e apesar dessas cores, os tropeiros e os viajantes noturnos dizem
(não sabem explicar) trata-se de um cavalo branco, um cavalo mouro, um colorado
e um tostado malacara.
Correm pelo ar, riscando a negra noite numa
barulheira danada, só ouvida pelos seres humanos. Dizem que os animais bovinos
e os animais selvagens não conseguem ouvi-los: só os humanos, só os
humanos...só os seres humanos!
A história verdadeira, porque não é boitatá
nem mula-sem-cabeça é contada pelo velho tropeiro Barnabé, descendente dos
antigos escravos e que diz ser parente do Negrinho-do-Pastoreio. Diz ele que é
neto de um irmão do Negrinho-do-Pastoreio, aquele da lenda, que correu num
cavalo baio contra um cavalo mouro.
O que o seu Barnabé conta é que na época da
Revolução Farroupilha, mais exatamente em 1837, quatro farrapos, da causa
farroupilha, tornaram-se bandidos assaltantes e salteadores de estâncias e de
casas de moradia.
Esses 4 renegados montavam um cavalo baio,
um mouro, um colorado e um tostado malacara.
Naquela época Jaguarão era uma cidade rica,
com riqueza oriunda das Charqueadas, e os fazendeiros guardavam nos cofres das
suas casas das estâncias, patacões de ouro e onças de ouro, as moedas fortes e
ricas daquela época de fartura e abundância.
Acontece que, ao assaltarem uma casa muito
rica, de um rico estancieiro, perto da Vila do Cerrito (e do cemitério de mesmo
nome), o dono da casa, junto com seus escravos, cortaram a cabeça dos assaltantes.
Essas cabeças foram enterradas debaixo de uma grande pedra, na beira da
estrada, à direita de quem vai de Jaguarão à Vila do Cerrito.
E os 4 corpos, abandonados aos caranchos
foram, dias depois, por cristãos piedosos (o cura da vila e seus seguidores)
enterrados no cemitério do Cerrito, sem as cabeças.
Mas o dono da casa, não sabia que, antes
decapitarem as cabeças dos larápios, os 4 cavalos já estavam com as maletas nos
seus lombos, junto com os arreios, cheias dos patacões e onças de ouro, numa
quantia de muitos quilogramas de ouro.
Com o tiroteio, os cavalos saíram em
disparada e o ouro foi espalhando-se por entre as pedras brancas de granito,
por entre as corunilhas, as sangas, os arroios e as canhadas daquela zona
misteriosa e assustadora.
Ainda hoje, nas noites de aparição das
assombrações contam quem as vê, que os fantasmas dos cavalos têm por montaria
os corpos-sem-cabeça dos decapitados ali enterrados.
Dizem que eles não procuram mais as moedas
de ouro, mas sim estão procurando as suas cabeças, para terem paz e escaparem
da danação do inferno em que mergulharam.
Contam também que ainda viajantes e
tropeiros tem achado moedas de ouro naquela pedra grande à direita, na estrada
a pouca distância do cemitério do Cerrito.
Será que existem moedas enterradas junto com
as 4 cabeças embaixo dessa pedra?
fonte: http://turismoemjaguaraors.blogspot.com.br/p/historias-contos-misterios-e-lendas-de.html
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