sexta-feira, 11 de janeiro de 2013


O " 27 DE JANEIRO" DE 1865 EM JAGUARÃO

Vista aérea - Ponte Internacional Barão de Mauá e as cidades:
Jaguarão - Brasil e Rio Branco - Uruguai


O “27” DE JANEIRO

Em 1865, outra invasão na fronteira viria perturbar a paz dos jaguarenses. No dia 20 de janeiro chegou ao conhecimento do delegado que os caudilhos orientais Basílio Muñoz e Angel Moniz, pertencentes à facção dos “Blancos” pretendiam invadir o RS.

Basílio Muñoz - O comandante da invasão
da força uruguaia  no dia 27 de Janeiro de 1865

 Fizeram-no em seguida e dia 27 de janeiro à frente de 1500 homens cercavam a cidade, que era defendida pelo Coronel Manoel Pereira Vargas. Este tinha sob seu comando apenas 500 praças. Intimado a render-se, Vargas se recusou travando-se intenso combate no qual os sitiados tinham o auxílio dos canhões dos vapores “Apa” e “Cachoeira”. Não conseguindo seus intentos, os uruguaios retiraram-se, pilhando tudo que puderam.

O CORONEL MANOEL PEREIRA VARGAS PERANTE O PAÍS

Ninguém nesta província ignora os graves e horrorosos atentados cometidos à fronteira de Jaguarão, pelas forças invasoras a mando de Basílio Muñoz, nos dias 27, 28 e 29 de janeiro de 1865; e grande é a responsabilidade que pesa sobre o culpado.


"Achava-me no comando da guarnição e fronteira de Jaguarão, na ocasião da invasão; e, bem a meu pesar, vejo-me obrigado a apresentar as provas do meu procedimento.
A guarnição e fronteira de Jaguarão não tinham armamento e força suficientes, para defesa e segurança da mesma guarnição e fronteira.
É pública a grande coragem dos seus bravos defensores; a maneira digna e heróica por que foram repelidos os celerados que ousaram atacá-la no dia 27 de janeiro.
A 5 de janeiro, chegava à fronteira mais cento e tantos praças de Cavalaria da Guarda nacional dos municípios de Piratini e Canguçu e com as que já existiam destacadas, organizou-se o 15º Corpo Provisório de Cavalaria, para guarnecer a fronteira.
Dias depois, destacou o 28º Corpo de Cavalaria do município de Jaguarão do comando do Sr. Tenente Coronel Balbino Francisco de Souza com 200 praças.
No dia 19 de janeiro, recebi participações do movimento de forças crescidas dos blancos que se aproximavam do Cerro Largo no Estado Oriental.
Tinha saído a percorrer a fronteira, quando soube à margem do Telho, que tinha chegado, no dia antecedente, ao Cerro Largo, uma força de Blancos ao mando de Basílio Muñoz, cujo número não souberam dizer-me ao certo. O chefe político tinha se retirado da vila de Cerro Largo em direção ao Asseguá; e Timóteo Aparício se aproximava também com outra força que se calculava em mil homens.
A nossa força, que era de quinhentos homens, tinha apenas sessenta a setenta clavinas de fuzil.
As balas inimigas passavam além de nossa coluna, ao passo que as nossas pouco alcançavam as suas fileiras, devido à inferioridade do armamento.
Não obstante, porém, quis atacar, e quando dispunha a força em ordem, para carregar contra o inimigo, que se aproximava, fazendo sucessivas descargas, sobre nossas fileiras, não o foi possível.
Os dois corpos há pouco reunidos, não tinham suficiente exercício para se desenvolverem com presteza, e tornava-se impossível à retirada.
Conheci que atacar o inimigo em tais circunstâncias era perder a força e expor a cidade ao saque e à devastação; e reconcentrando a força podia resistir e defender a cidade. Eis o que pratiquei.
Reconcentrei a força debaixo de fogo, porém em ordem.
Ao entrar as trincheiras o último soldado que me precedia, os esquadrões, inimigos atacaram a cidade pelas ruas das Praças, das Palmas e do Comércio, até o segundo quarteirão de casas, distantes do entrincheiramento, mas foram rechaçados pelas sucessivas descargas da nossa infantaria; e retiraram-se, sitiando a cidade.
O inimigo, a uma hora da tarde, intimou-se para que entregasse a cidade, visto como não tinha forças suficientes para a resistência.
Respondi que podia continuar o ataque, porque a guarnição do meu comando jamais se entregaria.
Durante o dia 27 até a noite a cidade resistiu o ataque, auxiliada pelas peças dos vapores de guerra “Apa” e “Cachoeira”, cujos tiros lançavam grande desordem nas fileiras inimigas.
Na noite de 27 para 28, retirou-se o inimigo pela costa do Rio Jaguarão acima, praticando toda a sorte de atentados, assassinando, arrombando, saqueando e arrebanhando toda a cavalaria e escravos que encontrava.
O inimigo teve alguns mortos e feridos, inclusive oficiais e a guarnição de Jaguarão teve um morto e cinco feridos."
                                                    Manoel Pereira Vargas

NOTA: o presente documento não foi transcrito na íntegra, apenas trechos do mesmo, partes que possuem valor histórico mais acentuado.

FONTE: CADERNOS JAGUARENSES - 1ª EDIÇÃO - 1990 - INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE JAGUARÃO

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