O " 27 DE JANEIRO" DE 1865 EM JAGUARÃO
Vista
aérea - Ponte Internacional Barão de Mauá e as cidades:
Jaguarão - Brasil e Rio Branco - Uruguai
Jaguarão - Brasil e Rio Branco - Uruguai
O “27”
DE JANEIRO
Em 1865,
outra invasão na fronteira viria perturbar a paz dos jaguarenses. No dia 20 de
janeiro chegou ao conhecimento do delegado que os caudilhos orientais Basílio
Muñoz e Angel Moniz, pertencentes à facção dos “Blancos” pretendiam invadir o
RS.
Basílio
Muñoz - O comandante da invasão
da força uruguaia no dia 27 de Janeiro de 1865
da força uruguaia no dia 27 de Janeiro de 1865
Fizeram-no
em seguida e dia 27 de janeiro à frente de 1500 homens cercavam a cidade, que
era defendida pelo Coronel Manoel Pereira Vargas. Este tinha sob seu comando
apenas 500 praças. Intimado a render-se, Vargas se recusou travando-se intenso
combate no qual os sitiados tinham o auxílio dos canhões dos vapores “Apa” e
“Cachoeira”. Não conseguindo seus intentos, os uruguaios retiraram-se, pilhando
tudo que puderam.
O
CORONEL MANOEL PEREIRA VARGAS PERANTE O PAÍS
Ninguém
nesta província ignora os graves e horrorosos atentados cometidos à fronteira
de Jaguarão, pelas forças invasoras a mando de Basílio Muñoz, nos dias 27, 28 e
29 de janeiro de 1865; e grande é a responsabilidade que pesa sobre o culpado.
"Achava-me
no comando da guarnição e fronteira de Jaguarão, na ocasião da invasão; e, bem
a meu pesar, vejo-me obrigado a apresentar as provas do meu procedimento.
A
guarnição e fronteira de Jaguarão não tinham armamento e força suficientes,
para defesa e segurança da mesma guarnição e fronteira.
É
pública a grande coragem dos seus bravos defensores; a maneira digna e heróica
por que foram repelidos os celerados que ousaram atacá-la no dia 27 de janeiro.
A 5 de
janeiro, chegava à fronteira mais cento e tantos praças de Cavalaria da Guarda
nacional dos municípios de Piratini e Canguçu e com as que já existiam
destacadas, organizou-se o 15º Corpo Provisório de Cavalaria, para guarnecer a
fronteira.
Dias
depois, destacou o 28º Corpo de Cavalaria do município de Jaguarão do comando
do Sr. Tenente Coronel Balbino Francisco de Souza com 200 praças.
No dia
19 de janeiro, recebi participações do movimento de forças crescidas dos
blancos que se aproximavam do Cerro Largo no Estado Oriental.
Tinha
saído a percorrer a fronteira, quando soube à margem do Telho, que tinha
chegado, no dia antecedente, ao Cerro Largo, uma força de Blancos ao mando de
Basílio Muñoz, cujo número não souberam dizer-me ao certo. O chefe político
tinha se retirado da vila de Cerro Largo em direção ao Asseguá; e Timóteo
Aparício se aproximava também com outra força que se calculava em mil homens.
A nossa
força, que era de quinhentos homens, tinha apenas sessenta a setenta clavinas
de fuzil.
As balas
inimigas passavam além de nossa coluna, ao passo que as nossas pouco alcançavam
as suas fileiras, devido à inferioridade do armamento.
Não
obstante, porém, quis atacar, e quando dispunha a força em ordem, para carregar
contra o inimigo, que se aproximava, fazendo sucessivas descargas, sobre nossas
fileiras, não o foi possível.
Os dois
corpos há pouco reunidos, não tinham suficiente exercício para se desenvolverem
com presteza, e tornava-se impossível à retirada.
Conheci
que atacar o inimigo em tais circunstâncias era perder a força e expor a cidade
ao saque e à devastação; e reconcentrando a força podia resistir e defender a
cidade. Eis o que pratiquei.
Reconcentrei
a força debaixo de fogo, porém em ordem.
Ao
entrar as trincheiras o último soldado que me precedia, os esquadrões, inimigos
atacaram a cidade pelas ruas das Praças, das Palmas e do Comércio, até o
segundo quarteirão de casas, distantes do entrincheiramento, mas foram
rechaçados pelas sucessivas descargas da nossa infantaria; e retiraram-se,
sitiando a cidade.
O
inimigo, a uma hora da tarde, intimou-se para que entregasse a cidade, visto
como não tinha forças suficientes para a resistência.
Respondi
que podia continuar o ataque, porque a guarnição do meu comando jamais se
entregaria.
Durante
o dia 27 até a noite a cidade resistiu o ataque, auxiliada pelas peças dos
vapores de guerra “Apa” e “Cachoeira”, cujos tiros lançavam grande desordem nas
fileiras inimigas.
Na noite
de 27 para 28, retirou-se o inimigo pela costa do Rio Jaguarão acima,
praticando toda a sorte de atentados, assassinando, arrombando, saqueando e
arrebanhando toda a cavalaria e escravos que encontrava.
O
inimigo teve alguns mortos e feridos, inclusive oficiais e a guarnição de
Jaguarão teve um morto e cinco feridos."
Manoel Pereira Vargas
Manoel Pereira Vargas
NOTA: o
presente documento não foi transcrito na íntegra, apenas trechos do mesmo,
partes que possuem valor histórico mais acentuado.
FONTE:
CADERNOS JAGUARENSES - 1ª EDIÇÃO - 1990 - INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE
JAGUARÃO
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